O perigo dos sushis

A cozinha japonesa há muito tornou-se uma das preferidas dos brasileiros. Sushis, tempurás e sashimis parecem ter virado a especialidade de qualquer cozinheiro de restaurante por quilo, e consumi-los é um hábito tão comum quanto comer churrasco ou feijoadas, outras paixões nacionais.
O perigo dos sushis

Agora, o principal motivo que leva muita gente a não gostar desta culinária tornou-se um problema de saúde pública: o consumo da carne crua de peixes. Um surto em São Paulo revelou que um parasita presente especialmente no salmão pode levar a uma intoxicação similar à provocada pela carne de porco. Seu nome é chato de pronunciar (difilobotríase) mas torna-se um problema menor quando conhecemos suas conseqüências: dores abdominais, gases, enjoos, diarreias e, em casos mais graves, anemia. A notícia derrubou o movimento nos restaurantes também no Rio de Janeiro, onde já haviam casos registrados mas a divulgação não havia sido feita. A princípio acreditava-se que o atum e o robalo também estariam entre os responsáveis pela transmissão, mas no final apenas o salmão, preferido pelos brasileiros, acabou sendo o principal culpado.

Salmão agora, só congelado 

No inicio de abril, a associação de proprietários de restaurantes japoneses de São Paulo decidiu importar apenas salmão já congelado do Chile, como fazem Estados Unidos, Europa e Japão. Por ano, o Brasil é responsável pela importação de mais de 12 mil toneladas do peixe, que chegam frescos, dentro de caixas de isopor e com gelo em abundância à sua volta. A notícia foi mal recebida entre os cozinheiros mais conservadores, que não vêem com bons olhos a solução, talvez esquecendo-se que no Japão, terra-natal da culinária, o salmão também é recebido congelado. 

Diagnóstico e tratamentos simples 

Após a constatação dos sintomas iniciais já citados, o exame de fezes é um método eficaz e rápido para o diagnóstico. Comprovada a infecção pelo Diphyllobothtrium latum, o paciente é instruído a tomar um medicamento (vermífugo) e realizar um hemograma para afastar a hipótese de anemia, causada pela absorção de vitamina B12 pelo parasita.

Apenas 1/5 dos casos é sintomático, o que dificulta o diagnóstico. Alguns casos noticiados pelos jornais só foram solucionados depois que os pacientes observaram pedaços do transmissor nas fezes e decidiram fazer os exames. Após ingerido, ele fixa-se no intestino delgado e pode viver lá por até 10 anos, chegando a 10 metros de comprimento. Apesar dos incômodos, a doença não é grave e pode ser facilmente tratada.

Peixe cru? Por enquanto não, obrigado! 

Enquanto novos desdobramentos não acontecem e não há certeza quanto à qualidade dos peixes, já que é impossível examinar os peixes no momento do consumo, a saída é comer salmão apenas cozido, frito ou assado. Estes métodos eliminam qualquer hipótese de contaminação. Os problemas trazidos pelo parasita também devem motivar uma nova mentalidade nos consumidores, que devem estar mais atentos às condições de higiene e aos alimentos oferecidos por seus restaurantes favoritos.

Educa

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