Dores de estômago podem esconder doenças graves, alerta especialista

Dores de estômago podem esconder doenças graves, alerta especialista

Negligenciada por grande parte da população, a dor na região do estômago pode esconder doenças graves, como úlceras e tumores. Segundo a Organização Mundial de Gastroenterologia, os problemas gastrointestinais afetam cerca de 20% das pessoas em todo mundo e são responsáveis por sintomas como azia, má digestão, constipação e diarreia, que causam desconfortos na região do abdômen e, por isso, são confundidos com dor de estômago.

Médico alerta para dores contínuas no estômago
Médico alerta para dores contínuas no estômago

De acordo com o médico gastroenterologista Pablo Rodrigues Lucas, para que alguma doença seja descoberta precocemente, as dores nessa região do corpo devem ser investigadas, principalmente se forem frequentes ou aparecerem de forma repentina em pessoas com mais de 40 anos, pois podem ser consequência de problemas em órgãos próximos ao estômago, como pâncreas, fígado e vesícula.

“Às vezes é uma coisa que o paciente imagina que seja dor de estômago, mas pode ser dor em órgãos adjacentes. Pode ser uma gastrite, esofagite, refluxo, que são problemas mais corriqueiros, mas também pode ser um câncer de estômago ou uma úlcera. Doenças do pâncreas, da vesícula biliar e do fígado também podem dar dor nessa região abdominal, simulando uma dor de estômago”, disse.

O especialista afirma que, se a dor aparecer de forma eventual e não apresentar outros sintomas, não deve ser motivo de preocupação, mas, se vier acompanhada de febre, perda de peso e fraqueza e for frequente (duas ou mais vezes na semana), deve-se procurar um médico. “Outro sintoma que também deve chamar atenção é a dor ou dificuldade ao engolir. A pessoa deve procurar atendimento médico o mais rápido possível, pois é um sinal de alerta para outras doenças”, afirmou.

A advogada Rafaela Alves Rosa e Silva Ramos, em 2009, procurou um médico após sentir dores na região do estômago. O diagnóstico foi de úlcera e, durante cerca de cinco anos, tomou diariamente o remédio indicado para o problema. No entanto, frequentemente, ela sentia fortes dores na região abdominal. Duas das crises foram durante a gravidez, em abril deste ano, o que a fez procurar outro especialista. Após uma ultrassonografia, o médico descobriu que o problema da advogada eram pedras na vesícula.

Rafaela Ramos foi submetida a uma cirurgia para a retirada das pedras e da vesícula, mas, cinco dias após o procedimento, retornou ao hospital com fortes dores e uma pancreatite foi diagnosticada. Segundo a advogada, como o tratamento das pedras na vesícula demorou a ser feito, elas se movimentaram e entupiram o canal biliar, causando o problema no pâncreas, que, se agravado, poderia causar a morte da paciente. “Eu ouvi a seguinte frase do médico: o pâncreas é o maestro do organismo, a orquestra pode ser maravilhosa, mas, sem o maestro, ela não funciona”, disse.

Hoje, ela ainda se recupera da pancreatite, com uma dieta balanceada e a restrição de alguns alimentos, como refrigerantes, água com gás, frituras e outros alimentos muito gordurosos, como o abacate. “São seis meses para voltar à dieta normal”, afirmou.

Exames preventivos apenas para grupo de risco

Segundo Lucas, exames preventivos para detectar alguma alteração na região do estômago só são indicados para pacientes que estejam no grupo de risco, ou seja, pessoas com familiares de primeiro grau que tiveram problemas com o órgão, que tiveram gastrite crônica detectada em avaliações recentes, idosos ou ainda para quem sentiu algum tipo de dor repentina. “Esses exames preventivos não existem para a parte do estômago, pois os problemas relacionados a esse órgão podem surgir rapidamente. Em dois, três meses, pode aparecer um problema e se a pessoa fez uma endoscopia um mês antes, ele não vai ser identificado”, afirmou.

Endoscopia

A endoscopia é um dos exames mais comuns para se detectar algum problema no estômago e em órgãos adjacentes, como o esôfago e o intestino. Considerado seguro, apesar de ser um procedimento invasivo, o exame consiste em introduzir uma sonda com uma microcâmera na ponta pela boca do paciente até que se alcancem os órgãos que serão avaliados. Para isso, o paciente deve ser sedado ou, no caso de crianças, ser aplicada uma anestesia. “A endoscopia, desde que indicada, pode ser feita em qualquer faixa etária”, disse.

CdU

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