Cirurgia Plástica: mania ou necessidade?

O Brasil é o 2o país que mais realiza cirurgias plásticas no mundo, e já esteve em 1º lugar


A todo momento, para onde quer que você olhe, tem sempre alguém tirando uma selfie. A palavra inglesa, que significa autorretrato, já se popularizou tanto no Brasil que nem precisa mais de tradução. E a maioria das pessoas faz várias fotos até achar uma que considere boa – ou menos pior.

O Brasil é o 2o país que mais realiza cirurgias plásticas no mundo, e já esteve em 1º lugar. Nosso clima tropical, responsável por uma maior exposição do corpo, está relacionado com esses números. A maioria das operações é de lipoaspiração (22.896 em 2013) e colocação de prótese de silicone nas mamas (226.090). Em seguida, vêm redução de mamas (139.835), abdominoplastia (129.601) e blefaroplastia – cirurgia nas pálpebras – (116.849).

Existem muitas variedades de procedimentos reparadores e estéticos. Porém, quando se trata desses últimos, muitas vezes ocorrem banalizações e excessos que podem comprometer a saúde e até mesmo a vida do paciente. Isso acontece devido à falta de informação e à busca pelo “barato”, que muitas vezes pode sair “caro”.

Por outro lado, existem pacientes que, todos os dias, sofrem com seus problemas corporais, causando transtornos para seu cotidiano e vida social. Isso pode levar à reclusão, dificuldades de relacionamento interpessoal, problemas no trabalho, escola, enfim, no seu dia a dia, e até mesmo gerar problemas mais sérios, como a depressão.

Portanto, tudo depende de como a pessoa encara e cultua a questão. Se ela procura um Cirurgião Plástico para resolver algo que a incomoda de fato, tudo bem. Mas se for para mudar algo só por conta da vontade alheia, ou do que a moda pede, é preciso muito cuidado. Existem pessoas que saem por aí atrás de cirurgia para mudar um detalhe no corpo ou no rosto como se fosse às compras; não por necessidade, mas para agradar, conquistar ainda mais a admiração alheia. Isso pode ser extremamente perigoso, pois pode estar camuflando um problema maior, real, que é o transtorno de imagem corporal ou de identificação pessoal, um transtorno psiquiátrico, que pode dominar totalmente o SER e, obviamente, esse problema não irá melhorar com nenhuma intervenção cirúrgica, somente com terapia.

É aí a importância do Cirurgião Plástico e da verdadeira relação entre o médico e o paciente, onde o paciente vai expressar as suas angustias e seus desejos e, o médico mostrar as reais possibilidades para o caso.

Autor: Dr. Carlos Tajra - CRM-PI 3820
Membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, da Sociedade Brasileira de Laser em Medicina e Cirurgia e do Colégio Brasileiro de Cirurgiões.

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